"Quem teme a morte" e o preconceito literário



Entrar para uma maratona de leitura onde se tem desafios a cumprir é muitas vezes uma forma de expandir os gêneros que se está acostumado a ler. Com mais de dez anos como leitora, acabei encontrando minha zona de conforto em alguns gêneros literários. Ter participado da Maratona Mulheres da Literatura, organizada pelas meninas do @queriaestarlendo, me fez ter uma força que me impulsionou para entrar em contato com livros que não seriam uma opção em nenhum momento da minha vida de leitora. Porém, estar aberta para entrar em contato com obras completamente diferentes do que estou acostumada foi o que me rendeu surpresas muito agradáveis e algumas decepções. 

Se você acompanhou minha jornada durante a maratona lá nos stories do Instagram @escolhilerblog (aliás, se quiser ver todas as minhas leituras, é só ir nos destaques do meu instagram com o título Maratona GRL PWR), já sabe que o primeiro livro lido não foi lá uma experiência muito boa. O desafio era uma obra de personagem principal feminina com poderes sobrenaturais. Na minha pesquisa eu tentava ao máximo fugir de enredos que giravam em torno de romances, o que tornou minha busca assustadoramente difícil até encontrar o livro Quem teme a morte, de Nnedi Okorafor.

A história é sobre uma menina que vivencia episódios de poderes sobrenaturais desde muito nova. Destinada a salvar seu povo da aniquilação, ela enfrenta duros treinamentos para se tornar uma feiticeira poderosa. Para derrotar o grande feiticeiro que deseja matar seu povo, ela parte em uma aventura atravessando o continente na busca desse homem me ameaça aqueles que ela ama. Seria muito interessante acompanhar essa aventura se de fato ela acontecesse e acho que foi isso que tornou minha experiência com o livro muito ruim. 

A autora tem uma boa habilidade de escrita, mas deixa muito a desejar na dinâmica da sua história. Dois terços do livro são apenas as histórias da menina enquanto criança que, apesar de serem momentos muito importantes para construir a personagem, deixaram a leitura muito cansativa. A aventura da travessia ganha uma velocidade mais agradável, porém cheia de acontecimentos completamente desnecessários. No fim, minha maior decepção foi com o embate entre a menina e o feiticeiro, mas tentando poupar vocês de mais spoilers, vou apenas dizer que não foi tudo aquilo que o livro prometia. 

Eu vejo que essa leitura, apesar de insatisfatória, serviu para me mostrar até onde eu consigo aceitar um livro de fantasia. Também me ajudou a entender que o problema não está no gênero e sim nas histórias que você escolhe e na habilidade do escritor. Nessa maratona li outros livros de fantasia e os achei incríveis. Isso me ensinou que torcer o nariz para outros gêneros apenas me faz perder grandes oportunidades de ler histórias maravilhosas. Acabei me apaixonando por fantasia escrita por mulheres, amando mais ainda as histórias em quadrinhos e descobrindo um novo estilo que gostei muito, a ficção especulativa. No fim, percebi que uma péssima leitura pode te ensinar mais do que uma boa leitura.

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