"Orgulho e Preconceito" e o grito feminino pela liberdade



Ter a experiência de um clássico em suas mãos cria uma certa expectativa. Depois de ter me apaixonado pelos personagens através do filme de 2005, poder mergulhar mais fundo nessa história que já me encantava criou certa euforia nessa leitora. Entendendo que Orgulho e Preconceito é uma obra consagrada da literatura inglesa e sabendo que Jane Austen inspirou várias mulheres na literatura, não podia esperar menos do que um enredo consagrado. 

Sempre que eu leio um livro busco seu cerne, aquele tema ou reflexão que foi a linha central de toda a narrativa. Tendo entendido isso, meus textos costumam ser uma exploração desses temas colocando-os de encontro ao nosso cenário político-social atual. Vou confessar que a história de romance entre Elizabeth Bennet e Fitzwilliam Darcy me demandou um pouco mais de esforço para ultrapassar a casca do romance e chegar até o que interpreto ser o tema central do livro. 

O romance conta a história de uma família com cinco filhas que se vê eufórica com a chegada de um jovem rico na aldeia. A mãe, preocupadíssima com a atual situação da família, vê a urgente necessidade de casar todas as suas filhas. Para entendermos isso, precisamos deixar claro que no fim do século XVIII, início do século XIX, as mulheres não podiam herdar os bens de seus pais. Dessa forma, para que elas pudessem se manter era necessário que se casassem, tornando a instituição casamento um ato de sobrevivência. 

Em uma sociedade em que se colocava esse peso sobre as relações humanas, Elizabeth se nega a casar por dinheiro, apenas por amor. Esse grito de liberdade dado pela personagem dá a ela o status de precursora do movimento feminista. Junto com sua inteligência, velocidade de raciocínio e incapacidade de se calar mediante aquilo que a desagrada, Elizabeth é a abertura de uma janela para a mulher mais livre, que se impõe e que deseja fazer de sua vida algo não imposto. 

Ao mesmo tempo que Jane Austen constrói essa mulher autoconfiante, a autora faz uma crítica interna à sociedade inglesa dessa época, principalmente sobre a superficialidade das relações e os jogos de interesse que as mesmas se baseavam. Isso fica explícito no comportamento da mãe da família Bennet, uma clara representante da sociedade inglesa dos séculos XVIII e XIX, que vê no casamento uma fonte de dinheiro que beneficiará tanto ela quanto suas filhas. 

No fim, entendemos que a sociedade de Jane Austen também é a nossa. Cheia de relações superficiais e interesseiras. Onde o casamento ainda é uma questão muito imposta para a mulher que ainda recebe uma série de modelos de comportamento como sendo os adequados para ela. Onde a mulher que se rebela e que resolve ir contra as “regras” é louca e inconsequente como Elizabeth. Entender essa quebra de padrões dentro do livro da jane Austen me fez continuar acreditando que estamos à séculos lutando por nossos direitos e que vamos continuar o fazendo por mais muito tempo.


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