"Maus" e sua importância para os quadrinhos ocidentais



Entender Maus de Art Spiegelman como apenas um quadrinho sobre a Segunda Guerra é ser muito raso em sua leitura. Buscando entender o passado de sua família, o autor se coloca como mediador da história de seu pai para contar a vida de um judeu durante o período da Polônia invadida por Hittler. No fundo, nós já sabemos da história desumana que se passou entre 1939 e 1945, mas o estilo do desenho de Spiegelman e a forma com que resolveu narrar essa história, torna a experiência do quadrinho muito diferente do que as histórias de herói que estamos acostumados a ver nas HQ’s.

Inspirado por outros quadrinistas, Spiegelman fez de Maus seu trabalho biográfico-autobiográfico. Na tentativa de contar a história do pai, a sua própria história como quadrinista se mescla em cenas do dia-a-dia onde está desenhando ou indo visitar o pai para ouvir mais sobre aquela época. O início da história se dá no começo dos anos 30, quando Vladek, o pai, se encontra pela primeira vez com a mãe de Art, Anja. A história de amor deles é contada como uma forma de fazer o leitor se apegar àqueles personagens. Mostrando-nos que assim como eles, todos tinham uma vida e uma família antes de os alemães resolverem tirar tudo. 

Quando nos aproximamos de Vladek criamos um vínculo humano com o personagem tornando aquilo que escutamos muito mais doloroso. Ao serem colocadas fotos reais do pai, da mãe e até do filho pequeno deles, a sensação é de um esmagamento no peito. Aquelas pessoas foram reais e por mais que tudo seja tão extraordinariamente cruel pra ser verdade, essas histórias aconteceram e aquelas vidas ficaram marcadas para sempre. 

Sobreviver ao campo de concentração foi uma mistura de sorte e inteligência por parte de Vladek, o que não torna sua luta menos admirável. Naquele momento, sobreviver era o último ato de resistência que alguém poderia praticar. Foi necessário abdicar de sua identidade e de sua cultura refazendo-as de forma com que pudesse passar por tudo aquilo, ainda tentando manter consigo um resquício de tudo aquilo que o fazia Vladek e judeu. 

O uso de ratos para representar os judeus faz ligação com uma das maiores falas alemãs contra esse povo: Eles eram pragas e precisavam ser exterminadas. Em um processo de desumanização eles encontraram uma justificativa para o extermínio. Isso deixa muito claro pra mim a importância de obras como Maus, onde a história é contada de maneira a dizer o quão horrendo o ser humano conseguiu ser, de forma que olhemos para esse passado com o objetivo de não repetir mais seus erros. 

Lendo sobre Maus para escrever esse texto, descobri que ele é dito como um dos quadrinhos mais importantes do ocidente. O tema abordado junto com a forma com que o autor escolheu escrever essa história foi um grande passo para a popularização de quadrinhos que não eram de super herói. Spiegelman mostrou que histórias sérias poderiam ser abordadas por esse formato sem perder sua importância histórica. No fim, ele acabou por revolucionar a forma que se faz quadrinhos atualmente, abrindo espaço para outros autores explorarem mais suas histórias.

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