"A redoma de vidro" e uma lição sobre a depressão



A escritora norte americana Sylvia Plath dedicou sua vida à poesia, mas foi em 1963, mesmo ano de sua morte, que lança seu único romance A redoma de vidro. Antes de entrar em contato com esse livro, eu já havia me interessado pela vida da autora. Esse romance veio com promessas de autobiográfico e apesar da minha luta em sempre tentar separar criador de obra, talvez esse não tenha sido o caso.

O livro nos apresenta à jovem Esther Greenwood, universitária que consegue uma bolsa de trabalho em uma das maiores editoras de moda em Nova York. Envolta pelo glamour que esse trabalho sustenta, viveu experiências que nunca imaginaria ter vivido em sua cidade do interior. Apesar de parecer perfeita, Esther se sente cada vez mais afastada de sentimentos e vontades. Seu estágio já não a entusiasma mais, seu retorno para a faculdade já não a deixa mais feliz e a vida começa a passar diante de seus olhos da forma mais apática possível.

Entender a depressão de Esther foi para mim um processo novo e de muito conhecimento. Ao sermos inseridos em sua cabeça, tendo acesso aos seus pensamentos, podemos perceber a forma única com que a mente depressiva trabalha. Nesse meio tempo pude entender que a depressão não nasce necessariamente de um grande trauma ou uma grande tristeza. Ela pode simplesmente aparecer e ir tomando sua vida, como que sem motivo algum.

A falta de simpatia das pessoas ao redor de Esther foi o que mais me incomodou. Apesar de o livro se tratar de uma época onde a depressão ainda não tinha nome nem status de doença, ver uma pessoa ser tratada como preguiçosa, folgada e desinteressada é muito incômodo. É particularmente revoltante observar a internação da personagem e os tratamentos que eram usados naquela época. Mais revoltante ainda é perceber que hoje em dia, algumas pessoas ainda tratam a depressão como uma frescura.

Para mim, a redoma de vidro que dá nome ao título é a própria depressão que confina a pessoa ali dentro e a deixa completamente bloqueada de todos os sentimentos bons, que a deixa ver a vida passar diante de seus olhos sem nenhum tipo de apego à ela. Ter essa experiência me deixou ainda mais simpática com aqueles que sofrem dessa doença. Fez-me entender mais sobre a vida da autora que, de forma muito genial, nos contou nesse único romance a maneira devastadora com que a depressão atinge a vida das pessoas.

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