“Enclausurado” e uma nova obsessão chamada Ian McEwan


Conheci o autor Ian McEwan através de uma das indicações da TAG - Experiências Literárias. Naquele mês tinha recebido A balada de Adam Henry, um romance tocante que havia me lembrado um livro muito querido que li na adolescência. Encantei-me pela prosa de McEwan e pela delicadeza com que tratava assuntos pesados. Levada por essa boa experiência, em uma ida para a livraria me deparei com Enclausurado. A proposta de um feto narrador me pareceu peculiar e movida mais pela curiosidade do que por qualquer outra coisa comprei o livro.

Sempre fui fã do humor sarcástico tão típico de Douglas Adams, por exemplo, e foi esse humor que me atraiu em Enclausurado. Em um primeiro momento pode até parecer um tanto mórbido. Afinal, acompanhamos a vida de um feto que observa os planos e as movimentações de sua mãe e tio para matarem seu pai. Entretanto, esse feto sarcástico e cheio de opiniões muito bem formadas sobre tudo carrega um tom cômico que não via desde Memórias de um Sargento de Milícias de Manuel Antonio de Almeida.

Existe uma elegância na prosa do autor que me carregou do início ao fim da obra. Envolvi-me com o feto narrador, suas dúvidas, inquietações e traumas. Torci contra a mãe e o tio, fiquei triste e tive a clara visão de como seria aquela criança depois de crescida. Terminei o livro desejando que o autor continuasse me contando aquela história mesmo entendendo e achando incrível o seu desfecho.

Fiquei completamente envolvida com a narrativa de McEwan e encantada, mais uma vez com o seu talento para andar tanto pelo terreno da delicadeza dos sentimentos quanto pelo do sarcasmo cômico. Sinto que encontrei um grande autor contemporâneo que anda contra a maré do mercado editorial. Sinto que em cada livro de McEwan vou ter uma nova experiência e isso só me deixa mais ansiosa para os próximos lançamentos dele.



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