"Garotas Mortas" e o silenciamento da violência contra a mulher





Com um título forte como esse, deparar-se com esse livro já foi uma experiência assustadora por si só. Com toda a violência que essas duas palavras juntas podem trazer, Selva Almada foi com a frieza de uma alma investigativa atrás de uma única resposta: por quê mulheres morrem apenas por serem mulheres?

Guiando-se por três casos de feminicídio na Argentina, a autora busca as peças soltas das mortes de mulheres que terminaram sem resolução. Andrea, foi apunhalada em sua cama enquanto dormia. María Luisa, foi encontrada abandonada em um campo com o rosto bicado por pássaros. Sarita, desapareceu e nunca mais foi encontrada. Porém, apesar de uma simples observadora, a autora usa
suas próprias experiência como mulher para ser o fio condutor dessa trajetória. 

Apesar da proposta documental, o livro perpassa pelos ares de um thriller de suspense, de uma investigação policial e até de uma biografia. Ao mesmo tempo em que a autora relata com uma frieza monumental, toda tristeza está presente no sentimento de injustiça que toma conta do leitor. A realidade não é um romance, afinal. E essas histórias mereciam ser contadas como tal. 

Almada dá cara ao culpado: uma sociedade machista. Mostra que o agressor nem sempre é aquela figura distante do desviado. Ele pode ter a cara de um pai, namorado, marido ou amigo próximo. Estamos em um momento socio-político onde o feminicídio e a violência com a mulher são caladas e a autora, ao dar voz para essas mulheres silenciadas, mostra que a sociedade pode ser a grande assassina dessas histórias.

Tais mortes, originadas na misoginia, no abuso e no desprezo pela figura da mulher, me fizeram refletir sobre a força que nós precisamos ter apenas para existir. Sobre a força de Almada em investigar essas histórias e ver o descaso com que essas mortes foram tratadas. O que me levou a um questionamento final: quanto vale a vida da mulher?

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